Em 1959, alguns artistas da vertente construtiva – Amílcar de Castro, Franz Weissman, Lygia Clark, Lygia Pape, Hélio Oiticica, Aluísio Carvão, Décio Vieira, Willys de Castro e Hécules Barsotti – rompiam com o Concretismo paulista.
A sensibilização das formas geométricas foi a divergência essencial dos neoconcretos contra o pensamento mecanicista e o espaço serial que orientavam os artistas de São Paulo. Os neoconcretos pretendiam resgatar, dentro mesmo da geometria e mantendo os planos puros e a recusa em aludir ao objeto uma certa subjetividade que desse expressão dramática e existencial a suas construções. O retorno das intenções expressivas não representava uma volta aos princípios românticos nem anulava o partido da racionalidade, mas, sem dúvida, assumia uma significação que transcendia as meras relações funcionais da geometria, imprimindo-lhe um caráter mais humanista e sensorial. A experiência do indivíduo era revalorizada no âmbito da própria arte construtiva, tornando-o novamente agente criativo nesse espaço. Não sem motivos o Neoconcretismo avançaria, nos anos 60, para o espaço real e a participação do espectador no próprio processo de criação da obra.
A exposição do Gabinete de Arte Cleide Wanderley traz novamente à cena os artistas do Neoconcretismo, com trabalhos datados do início do movimento e de sua efervescência. Pequenas raridades da época, essas obras são testemunhos da nova consciência do fenômeno construtivo instaurado no Brasil e irradiado para o mundo.
Ligia Canongia