(...) A compreensão de totalidade a cada momento, no aqui e no agora, fez de Mário um ser completo, consciente, lúcido, sem identificações, já que estas eram âncoras de parcialidades. Dialogava de igual para igual com seus pares - Einstein,Bohr, Schrdinger, Pauli, Cesar Lattes - e, diferentemente de muitos de seus colegas, não tocava violino, como Einstein e Plank (por algum paralelismo, desconhecido a música sempre se encontrou presente junto aos cientistas), mas executava sinfonia de cores, composições cromáticas e de formas. Transbordou esse insight para a fotografia e as artes plásticas e, o mais importante, compartilhou-o com todos, emprestando magnitude a artistas como Mira Schendel, Lygia Clark, Waldomiro de Deus, Volpi e muitos outros, inclusive eu, e a escritores como Jorge Mautner, José Agrippino de Paula e Consuelo de Castro. O mais importante em Mário era que artista e obra eram um só todo. E, ainda mais além, o ser humano era um só.
(...) São estas aventuras que queremos compartilhar com vocês. Tentaremos mostrar mais a genialidade do que o gênio, mais a bússola do que a chegada. Unir os aspectos Mário-físico, Mário-crítico-de-arte, Mário-fotógrafo e Mário-político num só homem. Através do Mário-físico, seguiremos suas aulas e depoimentos, e os de seus colegas; no Efeito Urca, seguiremos as pegadas de sua criação; entraremos no coração da física quântica. Neste fim de século a ciência está· tomando uma parte do glamour que pertencia as artes. Nada mais justo. Duas irmãs prenhas de intuição.
José Roberto Aguilar
Diretor da Casa das Rosas