Da realidade fantástica de hoje e de ontem.
Estive pensando na diferença da proposição da realidade fantástica na época dos surrealistas ou dadaístas e na de hoje. Aparentemente não há diferença mas fundamentalmente são duas coisas diferentes. Quando colocavam um urinol em cima de um piano ambiente insólito, era a mudança do ambiente insólito que transformava esses objetos em objetos fantásticos ou por outra o ambiente que se transformava em algo insólito. Mesmo na literatura era a mesma coisa. Quando se lê Henry Muller por exemplo vê-se que ele empresta as coisas e fatos uma fantasia que no fundo não passa de um subjetivismo vomitado, do seu interior mudando os fatos e lhes emprestando na sua vivência um outro caráter o do fantástico. Gunter Grass já é diferente. Sente-se nele a própria realidade. No momento em que o homem introverte, pois o espaço do mundo já foi por ele conquistado, ele sabe que o fantástico está dentro dele na medida da sua fantasia. Então como seria a nova maneira de comunicar esta realidade fantástica diferente já da transferência do subjetivismo dele?
Vejo agora que eu, procuro expressá-la através da imagem do homem mesmo. No momento em que o espectador veste o capacete infra-sensorial, ele se isola do mundo (depois de já tão situado no mesmo e nessa introversão ele perde contacto com a realidade e encontra dentro dele mesmo toda a gama de vivencias fantásticas. Seria uma maneira de buscar-lhe o fôlego da vivência. Tudo que lhe é revelado através de sensações sensoriais o levam a um estado equivalente ao estado da droga. Essa perda da realidade aparente seria a captação de outra e espécie de realidade? Diz o Mario Pedrosa:-“ O homem objeto de si mesmo”. Verdadeiro pois depois da fusão sujeito-objeto, só sobra o introjectar-se e o diálogo com o próprio corpo. Diálogo esse, existencial. O que eu quero realmente e pude captar em algumas máscaras é o infra sensorial, ou o sensorial-mental.Vejo também que esse homem-capacete tem nessa vivência a tendência a se desagregar no momento da vivência. Esse desagregar seria importante como um elemento de nova maturação? Seria a mesma sensação do artista quando ele ainda fazia uma obra que lhe acrescentava algo novo na sua estrutura?