Lygia Clark

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Afinal, o que há por trás da coisa corporal?

Data inicial
18.07.2015
Data final
28.03.2010
Individual
1
Tipo de evento
Local de realização
Local (cidade/país)
Descrição

Instalação Performática criada, dirigida e performada pela coreógrafa Ana Vitória sobre sua memória autobiográfica. Para a construção desta Tenda curativa de gases cirúrgicas AnaVitória parte do seu diálogo coma artista Lygia Clark seu conceito de Nostalgia do Corpo e seus objetos relacionais. Um ritual performativo do nascer e do religamento de seus afetos. Sua estréia se deu no Centro Cultural dos Correios no Rio de Janeiro, seguindo para as Cavalariças do Parque Lage (RJ), Palacete das Artes - Museu Rodin Bahia e Sesc Santo Amaro São Paulo.

Anexo release comentado da artista Iole de Freitas e da Psicanalista Hélia Borges.

Equipe auxiliar
Fotógrafo
Obras expostas
TúnelObra
text

Ana Vitória, em seu novo trabalho “Afinal o que há por trás da coisa corporal?”, realiza uma trajetória inspirada em seu diálogo com Lygia Clark, produzindo uma dimensão estética em que forma e matéria se tornam operadores para a desconstrução do lugar comum.

No desenvolvimento de seu experimento, podemos acompanhar provocações trazidas por Lygia ao pensamento contemporâneo. Conduzido a partir do ovo, - idéia carregada de afecções onde o mundo do sem forma surge como objeto tomado em sua concretude iluminada -, o mais recente trabalho de Ana Vitória nos convida a permitir que o reencontro, como experiencia intensiva, viabilize o transformar das formas.

 A disposição da cena entre espectador e artista problematiza a perspectiva.  Esta proposição possibilita que o campo perceptivo aumente pela tridimensionalidade, na medida em que a obra, ao multiplicar sua potencia de deslocamento, consegue se estender no espaço entre de forma a ampliar, para o observador, a diversidade de modos de captar a partir de diferentes modos de se afetar. Ao permitir que o espectador faça parte da obra, Ana Vitória não traça um destino fechado por onde a obra deva seguir, oferecendo-nos a chance de retirar as barreiras que normalmente delimitam o início e o final de uma obra de arte.

Com a questão proposta no título, a artista busca elaborar um campo vibratório onde dispersão-forma-dispersão sejam entrevistas. Entrever no sentido de experienciar o entre, o intervalo, colocando em suspenso o já codificado, revelando que a forma é o devir das forças.  Por que o corpo? É justo na dimensão das forças, do campo intensivo, sensível, campo que antecede as formas, pré-individual, que é evocada, ao nomear seu trabalho, a idéia de Corpo sem Órgãos (CsO)  inscrita no ovo. Retirar o olhar do campo já representado só se faz possível na produção de um CsO como nos dizem Deleuze e Guattari em “Como criar para si um Corpo sem Órgãos ”, campo fluido, viabilizador das deformações necessárias para a captação do novo. 

Passamos então, de uma oposição estática da forma e da matéria a uma zona de dimensão média, energética, molecular, que permite pensar uma matéria energética em movimento, portadora de singularidade ou hecceidade, que são formas implícitas que se combinam com processos de deformações. 

A arte realizada neste trabalho de Ana consiste em seguir os fluxos da matéria, consiste em ofertar à sensação a possibilidade de captar as forças invisíveis, mostrar o momento de metamorfose. Ao buscar no corpo a marca do tempo, a artista revela que a eternidade, como matéria em movimento e não como vazio transcendente, aponta para a vida como obra de arte, massa sensorial produto de experimentação, onde memória e desejo compõem as atualizações existenciais.

Hélia Borges (Psicanalista e Pesquisadora em Artes)

ID
66144

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