Lygia Clark

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Brasil 1971. [Diário 1]

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DiaryDocument Type
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DatilografiaArt Medium
inLanguage
PortuguêsLanguage
date
1971
dateBegin
1971
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Brasil 1971

            Fui visitar o Shemberg em Saõ Paulo. Ele se recusou a ir ao Rio me ver, pela primeira vez. Lá chegando fui direto para a sua casa. Encontrei baralhos magicos pelas mesas, livros de magia e paginas cheia de uma especie de ielogrifos do qual nada conheço. Ele chegou em seguida com uma pretinha muito calada que se essentou na minha frente e na mesa. De tempos em tempos ela suspirava, reclamava contra uma especie de defesa que estaria encontrando e o Shemberg me explicou que era uma vidente queali estava para ver se eu tinha nas costas o circulo do Buda como ela havia visto nele e no Volpi. Me sinto um pouco mal mas o tempo foi passando e no terceiro dia ela disse ao Shemberg que eu o tnha porem menos forte que o dele e o do Volpi mas que era rodeado de estrelas brilhantissimas! Esse é o Shemberg de agora. Essa mesma preta teve visões de homens em forma de lapis e ele lhe deu um papel para anotar as comunicaçoõs.... Como sempre houve coisas no nosso relcionamento. Ele ficou apaixonado como um adolescente. Eu pela primeira vez amei-o carnalmente e naõ fiquei fascibada pelas suas ideias. Ideais velhas, magia negra com nome de parapsicologia. Passei lá 3 dias e 4 noites. No momento que ele queria fazer amor comigo naõ conseguia funcionar. Fiquei muito paciente até a ultima noite em que se deu um fato gravissimo. O telefone tocou o dia todo e quando ele atendia niguem dizia nada. Depois de me manipular e eu me sentir um pedaço de taboa ao contrario do inicio em que gozava só com um beijo dado por ele, ele atendendo o telefone teve uma conversa amorosa e marcou um encontra para mais tard depois que saisse de lá! Tive uma raiva taõ violenta qie minha voz desapareceu por completo. Naõ queeia ficar no hotel e pedi que ele me levasse para um jardim para sentir cheiro de terra, capim e sentir uma arvore tal era a solidaõ a que havia chegado ! Essa permanencia de quefalo sempre que havia em relaçaõ a ele desapareceu e eu me senti na maior solidaõ da minha vida ! Pensei em morrer. Tivemos uma briga monstra e saimos pelas ruas de Saõ Paulo nos agredindo, eu mais do que ele até acabar-mos na porta do hotel. Bebi 2 grabdes garrafas de agua de uma vez e depois ele me telefonou dizendo que eu era a pessoa mais importante para ele e que eu fosse aumoçar lá no dia seguinte antes de embarcar e foi o que fiz. 

O que tenho pelo Shemberg eu nunca soube e nem sei ainda ao certo. Sempre tive essa especie de permanencia em relaçaõ ele. Foi uma paixaõ na minha vida em 1958. Durou bastante tempo e pensamos mesmo em viver juntos.

Ele tinha medo de mim e eu dele. Relaçaõ muito profunda e doloroza. Sentia muito vazio pois tinha junto dele iluminuras na vida e era-me insuportavel dado ao trabalho que por sua vez muito me desgastava, fugia do seu contacto depois que passava o ato do amor. Nos seperamos no momento em que sua mulher me telefonou de São Paulo para me dizer que ainda faziam amor juntos. O que me poz em panico naõ foi a relaçaõ sexual de ambos. Ele havia me contado que a relaçaõ humana deles era taõ terrivel que dormiam em quartos separados e ela ameaçava mata-lo. Cheguei a conclusaõ de que ele sentia necessidade de uma ligaçaõ sado-masoquista e pensei se naõ der esse tipo de relaçaõ comigo ele teria que assumir a mulher como amante ou vice versa.

Depois do rompimento ele passou 5 mezes de cama muito doente. Isto ele me contou. Mas diz ele que quando o conheci e o amei ele estava praticamente codificado e que eu lhe abri enormes aberturas. Depois desse rompimento todoas as vezes que nos rncontravamos eu fazi maor com ele. Sempre achei que minha libido vinha de aberturas de comunicações que ele conswguia me dar. Um dia num restaurent ele me fez uma comunicaçaõ e eu me neguei mesmo a olha-lo. Passou uma moça vendendo flor e ele me comprou uma. Naõ podia olhar a flor tmbem senaõ acabaria com ele. Ele dizia: - Olhe que linda rosa e eu naõ olhava de medo. Na saída do restaurante eu lhe disse que jamais me deitaria com ele e que o que ele me declanchava era libido atravez de iluminuras. Ele disse que já sabia a tempos .

Depois recomecei nem sei mais quando e sempre havia essa permanência. Desta vez porem foi tudo ao contrario. Eu naõ tive medo dele mas umagrande pena e ele teve medo de mim.

Qiando caí em crise na sua casa e chorando me queixando da briga com meu pae, da minha imagem que em vez de ficar menos foret para os filhos estava cada vez mais forte, estava desesperada, queria me sentir desligada dos filhos tambem e naõ podia, ele me agredio em vez de me consolar dizendo que eu era uma imagem que nunca podia enfraquecer para ninguem

ID
65569