Lygia Clark

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Grupo de Grenoble [Diário 1]

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DiaryDocument Type
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DatilografiaArt Medium
inLanguage
PortuguêsLanguage
date
13-07-1971
dateBegin
13.07.1971
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13 de julho de 1971


Grupo de Grenoble   

Depois que passa a primeira impreçaõ de algum espetaculo é que vejo a sua importancia. Exatamente a parte que me parece mais negativa é que depois vejo que foi o lado verdadeiramente importante. Sobre a visita desse grupo que naõ queria participar de maneira alguma e as poucas pessoas que o fizeram foi no sentido de fazer gracinhas rir fiquei numa tal irritaçaõ que nem queria continuar. Nada havia explicado sobre o sentido do trabalho pois naõ gosto que á priori as pessoas comecem a vive-lo como eu o entendo e até agora acho que o certo é isso mesmo. Quando todo mundo acabou de fazer coisas eu perguntei se queriam conversar comigo e veio uma serie de agreções da parte exatamente de jovens que naõ quizeram participar de maneira alguma ! Um filhote de 20 anos no maximi me disse que o meu trabalho poderia fazer muito mal as pessoas pelo seu carater amoral. Uma mocinha furiosa queria saber se havia feito as experiencia nua.... Vi que por detrz de tudo havia outra motivaçaõ e as perguntas naõ eram bem as que fizeram. A mocinha por exemplo queria saber era se eu havia feito amor com o meu material. Outro rapaz muito simpatico naõ muito moço me disse que se deveria fazer as ezperiencias nús e acrescentou que os “voyeurs” incomodavam muito. Aí eu entendi na hora e lhe respondi que a questaõ que ele estava me propondo era outra: Era que , ele sesentia nú quando participava da experiencia mas como tinha um moralista na turma era como se fosse o se Super Ego que o censurava. Senti dessa vez que depois de um espetaculo é necessario que aja entre nos um analista que dirija tudo que sai para de uma maneira mais positiva que eu mesma canalisar as reações e aproveita-las para cada pessoa que sinta agressividade ou angustia depois de fazer ou ver o espetaculo.

Eu que sou muito atingida nada posso fazer pois agrido tambem e se falo numa linguagem mais crua com as pessoas é com medo de estar agredindo por me sentir agredida !

Martim Barre prometeu trazer aqui um grupo de analista para ver o meu trabalho e talvez Violeta se interesse tambem para assistindo fazer gravações e estudar as reações das pessoas. Uma senhora mais idosa fez tudo com grande naturalidade. Eu lhe perguntei pois ela nada perguntou, o que havia sido a experiencia para ela. Me disse simplesmente:-Eu vivo na natureza e isso para mim é natureza.

Hoje li no Nouvelle Observateur um artigo sobre o que aqui chamam de “partouse” quer dizer suruba em portugues. Deu-me muito o que pensar. Nunca na minha vida fiz uma suruba e nem fiz amor com mais de uma pessoa de cada vez. Acho que desse tipo de relaçaõ de grupo sempre houve. Um padre diz que é pior que o masturbar-se que os fantasmas infantis é que comandam esse grupo e que ha uma regressaõ. Naõ sei de nada. Só sei que nos grupos hipies em que as pessoas vivem a vida tribal deve ser outro problema pois a estrutura é outra. Fala-se tambem é evidente da dissociaçaõ sexo ternura. Mas eu quando faço amor hoje seja com quem quer que seja estou dando muita ternura mesmo sem amor ! Pelo artigo admite-se muito mais as relações hetero-femininas que o homosexualismo. Groddeck tambem acha que na mulher essa parte homexesual é inerente. A mim naõ interessa. Gosto é de homem. Estou ligeiramente deprimida hoje. Esta´coincideindo com o período antes regras pois afinal no mês passado fiquei regrada outra vez. Tambem estou com muitas saudades do Brasil isso quer dizer da minha família. Meu pae está de flebite e se recusa a fazer repouzo. Gosto desse velho teimoso !

Fico irritada com intelectuais que, viram o filme de De Malle e falam do incesto como se fosse somente um problema cultural. Incesto entre mãe e filho. Dizia sempre que naõ era e li no Groddeck que esse é o unico tabu´respeitado até nas tribus mais primitivas! Essa mesma gente que acha tudo legal por modismo naõ encontra explicaçaõ para o meu comportamento e me acha simplismente ninfomaniaca ou puta. 

Um problema taõ mais simples mas é inadimissivel . Acho que as mulheres tem inveja dessa minha liberdade e protestam dessa maneira e o homem acostumado a relações com putas me inquadram tambem como uma delas. Eu me pergunto muitas vezes se o sou ou naõ. Sei que minha percepçaõ é diferente e naõ posso dissociar Clark desse problema, sou eu, inteira portanto naõ adianta queree dizer que em mim é diferente somente porque sou artista. Se tenho um comportamento diferente é porque vou ao fundo da percepçaõ do trabalho aparentemente me destruo mas por dentro cresço. É dessa percepçaõ que noutra noite disse ao A que me sentia maior que eu mesma. 

Lendo o livro do Groddeck vi que pobresa de psicoanalise eu fiz e mesmo quando tomo nota de minhas crises e ligo as percepções como vou so na superfície. Por exemplo: quando penso na minha fobia pela agua na grande crise ligo é lógico com o fato de ter sido jogada na banheira pelo meu pae de madrugada no frio de Belo Horizonte e é só. Mas me pergunto agora: Quando tive a grande crise que veio na eclipse do sol, ou da lus naõ sei bem e vivi esse fenomeno da maneira mais primitiva e patologica eu sabia que tinha tido um amante que era mais velho que eu como um pae e estava casada ainda com Aluizio e vivi isso com grande senti ento de culpa. O mesmo era medico genicologista e quando a crise começou teve medo de aparecer para me tratar! A criança era de Aluizio pois o caso já  havia acabado ha muito mas eu vivi o filho como se fosse do meu pae. Era incesto ! Isso eu me lembro muito bem e foi dessa percepçaõ que comecei a indoidar. Ter um filho do pae, daí a puniçaõ, a loucura , a regeiçaõ a criança pela propria loucura, a faca o medo de matar o marido, a minha maõ que segurava a outra dormindo e o acordar como se gritando percebesse ser o braço de outra pessoa que segurava a minha mãe....(ato falho, escrevi mãe)....

E quando era jogada na banheira de madrugada pelo pai devia viver isso como puniçaõ pois me masturbava  muito escutando gritinhos da minha mãe brincando com o pai no quarto vizinho. Sei hoje como sentia desgosto de ver os panos hygienicos de minha mãe de manhã no urinol sujo e era uma interrogaçaõ o que meu pae havia feito a minha mãe na noite precedente....Imagino agora que fiquei.pior porque minha mãe e meu pae se recusaram a ir me ver, era como se eles soubessem o filho era do meu pae e aí fiquei pior ainda . Meu deus eu naõ sei de nada e como fazer para descobrir as coisas ? E como se nunca tivesse feito uma psicoanalise.... As outras crises vindas atrvz do trabalho saõ cristalinas na medida da percepçaõ mas essa que foi a mais neurotica eu devia saber mais a respeito. O ponto principal era a vivencia de que o filho era de meu pae. Fazer um filho com o pae e dai ?

Sempre achei que seria muito pior a mãe deitar com o filho e a crise com o Edwards Pope me deu muita percepaçaõ desse tipo de incesto. Foi terrivel. Mas claro pelos sonhos nem era preciso ir até a infancia nada disso, foi vivido inteiro na hora.

Ao sair do hospital quando esse filho nasceu e mesmo eu havia pedido para ser assistida por outro genicologista, saí de salto alto tendo levado um pito do mesmo quando o vi na saida do hospita. Levava o filho nos braços e dirigi o automóvel atpé minha casa sozinha. Já era irregular tudo isso. Ah, acho que me lembro de uma coisa horrivel. Minha mãe esteve no hospital e me mostrou um seio que havia sido operado e fiquei muito traumatizada vendo a cicatriz e hoje é como se tivesse visto sangue. Agora ligo sangue com menstruaçaõ que via no urinol de manhã depois das brincadeiras com o pae. Talvez daí nascesse a ideia infantil de ser castrada pelo pae por causa desse filho que havia feito com ele. E daí o negar a propria gestaçaõ saindo do hospital como se naõ fosse eu que tivesse tido o filho ! O sentimento de culpa é ligado tambem a uma viagem que ao Aluizio ia fazer. Me senti abandonada e o medo chegou feio na hora da eclipse. Se foi como penso a lua cobrindo o sol é a mãe que destroe a imagem do pae. Lua para mim é mãe. Agua para mim é mãe. E medo da agua mãe que dava o castigo quando criança nas fantazias de dormir com o pae, eo pae era que me jogava na banheira para receber puniçaõ ! Nesse caso a lua cobrindo o sol era a mãe que castrava o pae ? E a fixaçaõ que dela tinha eu tambem estava no logar do pae ? Meu problema era isso eu sei fixaçaõ nos dois ao mesmo tempo. Então eu desejava ser o pae para dormir com a mãe e desejava ser a mãe para dormir com o pae ? E onde está hoje essa dualidade. Deveria pois ser uma bicexual ou hetero ?Pela primeira vez me pergunto se fui realmente deflorada na minha infancia. Se eu naõ vivi isso em fantazia nas brincadeiras com os tios os primos, ou fui realmente ? Na minha psicoanalise sempre apareceu a imagem de uma morena belissima, mulata que nunca descobri quem era. rindo rindo com os dentes de fora e belissima. A imagem de um tio morto já irmaõ de minha mãe sempre apareceu na analise com muita paixaõ tmabem. Era meio louco e morreu cedo de doença venerea. Se chamava Decio. Era masculo e minha irmã Sonia me contou que uma vez ele destroncou todos os dedos dos pes e das mães e eu impassivel debaixo de uma mangueira. Foi o que vivi com Guilherme depois de passado o estaculo, mas o guilher  é homosexual e o outro naõ era naõ. Mas iedntifiquei os dois pela violencia sofrida e pela minha passividade infantil no começo da experiencia.... E penso muito na minha operaçaõ de apendicite com 6 anos de idade. Naõ me contaram que ia ser anestesiada e disseram que a mascara de gaz era para fazer uma fotografia. Até hoje me lembro do terror que tive me sentindo desmaiar gritando pela minha mãe, era como se estivesse morrendo.

Daí talvez todos os pesadelos na minha vida de estar emurada separada de todos procurando comunicaçaõ e com as sensaçaõ d e que para os outros eu naõ existisse.   Entaõ devo ter vivido na hora no insonsciente como se tivessem me matando mesmo por castigo daí eu pensar no sonho sempre que naõ existo para o resto do mundo, emparedada, desesperada isolada da vida e do resto !

E depoiso acordar os peidos que dei a vergonha dos estudantes de medicina que lá estavam para me ver acordar junto ao medico Borges Da Costa. E o que tiraram de mim afinal de contas ? Acho que me mostraram o apendice num vidro com alcool e querem uma coisa mais parecida com um penis que isso ? Engraçado nunca pensei nixso como hoje e agora ! Entaõ devo ter vivido essa operaçaõ como castraçaõ, castigo de ter inveja dos meninos que tinham penis e fazia naturalmente fantazia que deveria ter um tambem ....Me lembro agora que o presente que o medico me deu foi um enorme prego ou é fantazia minha ? Fui a mascote do hospital e via todas as alas do mesmo. Vi um menino da cabeça gigante cheia d’agua e outras miserias. Tinha um cunhado medico que se chamava Godofredo e saia comigo muito no parque para brinacr comigo. Sempre achei que havia algo errado nisso mas naõ consigo me lembrar de nada preciso. Tinha o filho o Borges da Costa que gostava muito de mim chamado Dadico e uma vez me deu de presente um mico. Esse tambem sempre achei que havia algo errado nele comigo. Que infancia agitada sempre rodeada de homens mais velhos. Meu avo por parte de pae diz minha irmã que tem otima memoria nos bulinava para valer. Só me lembro dele contando a mitologia em linguagem crua e verdadeira e toda especie de incesto e punições juntos. 

Como amava esse avo e como tinha vergonha dele na sua maneira de ser, era informal na vida e foi formalissimo como jurista. O outro pae de minha mãenera o oposto. De uma severidade fabulosa tinha medo dele. Quando iamos visita-lo ele vinha uma fala cavernosa e oferecia balas. Tinha medo de serem envenenadas ou é fantazia de agora ? Entra va por um poraõ e escutava gritos dos tios mais moços apanhando e de castigo. Era um pesadelo.. Tinha lá um copeiro sempre homoxexual que vestia meias num tio que ficou pedersta. Carlos Pimentel. Da idade de minha irmã mais velha, Beatriz. Dos primos me lembro que nenhum queria me namorar. Queriam minha irmã Sonia que era bonita e para mim inventaram ou por outra meu avo Lins inventou um namorado que era horrendo, babava, tinha ferida pelas pernas e se chamava Alexandre. Tinha horror a ele e era um castigo para mim quando o apontavam como meu namorado. Alias foi esse avô que inventou deste pequena que naõ era da familia e sim de uma familia pobre que morava na serra e que tinham me tirado de lá porque estava morrendo de fome. O contrario da verdade: Fui alimentada por uma Italiana velha pois minha mãe naõ tinha leite q quase morri de fome. Ela me disse que passei literalmente fome no primeiro mez. Eu sempre acreditei na versaõ do meu avo^ e morria de desgosto com uma pinta que tinha na boca e que era para mim aprova de que naõ era mesmo da família. Todas as noites pricurava arranca-la com os dedos unhas naõ tinha já as roia desde que me entendo por gente. Só as deixei crescer agora depois da crise da regreçaõ e depois do crescimento ! Talvez aceitasse a fantazia do meu avo como muito comoda em relaçaõ aos sentimentos que nutria pelo meu pae e por minha mãe, mixto de odio e desejo. Talvez aí pudesse me entregar as fantazias infantis de uma maneira menos culpada. Já que naõ eram meus paes podia deseja-los e porque naõ ? Talvez na crise do nascimento do Eduardo é que realizei pela primeira vez a culpabilidade do incesto ! Porque ? Porque havia dormido com o pae na verdade o genicologista . Tudo me parece simples demais. Ultimamente vejo que tudo que é claro é suspeito. 

Como invejo o Groddeck ! Por uma palavra ele vae puxando e as associações vaõ surgindo até naõ acabarem mais.

Mas tambem as vezes ele é claro demais e portanto suspeito. Vou procurar reler minha crise aqui em Paris da regreçaõ e talvez veja o problema com mais profundidade. Diz Groddeck que atravez da idade a gente regride como criança. Estou de acordo mas naõ na minha idade estou lucidissima e a crise foi decorrente do meu trabalho.

E acrise  com Edwards que foi taõ terrível, porque ? 

Naõ dormi com ele na realidade mas o fiz da manira mais incrivel. Me masturbei na cama que ele havia dormido e sentia seu cheiro, fios de cabelos nos lenções – na realidade dormi com ele sim. Ele se chamava Eduardo como o filho que ao nascer me deu tanto trauma, tinha a sua idade, era belo como meu filho. Se vivi o nascimento do Eduardo como filho do pae entaõ dormir com Edwards seria incesto duplo ? 

Ah....Acho que finalmente cheguei a alguma coisa de mais reveladora agora depois de 3 anos que a coisa se passou !

Naõ era um incesto simples, dormir com o filho. Era dormir com o filho que fiz com o pae, meu deus, acuda !

Daí o sonho dos meninos de botas pretas sendo que um mata o outro e eu vejo num espelho de um carro, espelho esse que mostra um caminho percorrido portanto o passado. E o outro sonho em que tenho que mijar para endurecer um pano e quando estou mijando em pe com tudo escorrendo entre as pernas me chamam para ver uma coisa. Saiu e olho o ceu que era agua e o ar era debaixo, tudo invertido. Todo mundo preocupado com as crianças e eu digo: - Deixem elas vaõ se salver sozinhas.” Acho que era um casal. Naõ me lembro bem. A agua no ceu o espaço em baixo....Eu urinando de pe como um homem para endurecer um pano, o que seria ? Esse sonho veio de uma proposiçaõ feita pelo Edwards, era uma grande aranha negra formulada por um guarda chuva preto. Fiz com essa proposiçaõ uma proposiçaõ sensorial chupa-chupa a mais dramatica jamais formulada por mim antes de depois. Vivi essa aranha negra em mim evidente e mijar num tecido aveludado ou para aveluda-lo (li o sonho outra vez ) seria a aranha tecendo a sua teia ?

Nada disso ! Mijar no tecido para veluda-lo era abrandar o sentimento de culpa de me sentir a aranha, pois a proposiçai foi feita com um tecidopreto ! E daí a minha fobia ao preto vomitava quando o via na rua nas vitrines etc,A agua que estava no sonho em cima simbolizava o inconsciente que me afogava E o mijar no tecido taçvez significasse uma tentativa de sair do inconsciente e inverter o sentido mágico para me prender a realidade. Ou vem primeiro logar o mijar ? Entaõ quando eu mijo para aveludar o tecido (teia da aranha feita pelo Edwards) eu aranha reajo como reagi na hora desfazendo a sua proposiçaõ e fazendo com o mesmo material a minha herotica e dramática.

Era o inconsciente fantaziando menos culpabilidade. E quando vejo as duas crianças em cima na agua, e acho que se salvaraõ sozinhas era tambem o inconsciente que tomava consciencia de que a crise passaria atravez da percepçaõ. Mas qual ? Fantazio que era o utero da mae com duas crianças geradas juntas.... Entaõ é o incesto duplo, era tambem o irmaõ que entrava no inconsciente ? Ou seria o meu utero que trazia a criança filho incestuoso e eu menina nas fantazias infantis ? Ou era a mãe que trazia dentro dela eu criança e o filho irmaõ ? O filho irmaõ seria o pae enfraquecido pela potencia da mãe aranha ? Que devora o macho, que gera o macho, mãe a forte, pae o filho ? Vejo pela primeira vez que devo ter vivido minha mãe como figura ultra castrativa. Alias era verdade pois amava o seu pae e naõ o meu que tinha evidentemente ciúmes do pae dela. Era a maneira de castrar o meu pae e o conseguio nas minhas fantazias infantiz. Alias sempre achei que era uma mulher fria sexualmente embora cheia de heroticidade, pelo tipo e tudo. O que me parecia fraco no pae era que ele a amava e a desjava e ela queria era o seu pae ! Entaõ amor pode ter sido vivido por mim como fraqueza......A naõ entrega como força, virilidade... daí minha identificação com ela. E tambem com ele na sua fúria permanente e ela na luta a la Gandi fazendo a lady mas se recusando a fazer a sua guerra á maneira dele. Entaõ eu tinha uma mãe que castrava o pae, se negava a ele e amava o seu prorprio pae e se guardava para ele ! A propria aranha negra ! E todos os momentos o pecado da sexualidade que ela nos propunha. Viver o homem como perigo, era o seu lema . Como crianças como poderiamos ter vivido todo esse grande drama do pae que deseja a mãe que lhe é negada por ela mesma ? Mãe forte. Aranha negra. E depois nas brigas dos dois tínhamos que tomar partido senão nenhum falava mais com a gente. Muitas vezes tomei partido do pae talvez por acha-lo no caso o fraco. Ao mesmo tempo sabia que ele tinha o penis e que ela naõ tinha e entaõ a relaçaõ dos dois a noite devia ser muito luta. O sangue, a mãe que nunca deixou ninguem fazer a sua cama talvez com medo de se ver vestigios da luta do sangue, da castraçaõ que ele devia lhe infligir para descontar o naõ amor, a rejeiçaõ ao seu penis a sua presença...Nunca meu pae deu um beijo nos filhos. Seco e só me lembro dele numa noite em chorava com dor de dentes. Ele poz a mão na minha cabeça e disse que a dor passaria e passou mesmo. Tudo me ligava a ele. Sua mania de galos de briga que eu pequena ajudava a massagear, a raspar os pelos, a assistir a luta na sua rinha particular. Alias ele tinha 3 em casa. Eu criava os pintos na chocadeira, alimentava os gatos que apareciam no quintal abandonados pelas gatas mães e meu avô Lins dizia que dava demamar aos gatos o que me punha morta de vergonha.Dava de mamar as bonecas atraz dos sofas escondida é logico e com muita volupia.

Meu irmaõ era mais moço que eu um ano. Eu competia com ele e surrei-o muitas vezes. Um dia minha mãe me segurou e o chamou para bater-me. Ele começou a chorar e eu a caçoar dele. Dizem que fui um demonio de menina. Posso bem imaginar. Me lembro de um dia ter jogado cal nos olhos dele. E tambem um dia olhando um galo de briga furioso por um buraco colado ao chaõ ele levou uma esporada em um dos olhos. Era lindo e o predileto de minha mãe é logico. A predileta do meu pae era Sonia ele dizia que ela era sua mulata e que ia se casar com ele um dia. Foi a que ficou mais marcada pela parte afetiva infantil ! Até hoje é dependente dele e o odeia ou por outra adora e pensa que o odeia. Eu e ela sempre fomos muito unidas. Dizíamos para os outros que, eramos gemeas. Quando recebia vestidos que nossa tia fazia para mim eu deixava que ele escolhece um para ela-Lembro-me-vagamente de uma noite ter querido espanca-la de uma maneira especial pois briga lá em casa era diaria e depois ter tido pena dela e naõ o ter feito. Sempre me senti mais forte que ela-Depois de muitos anos nessa ultima viagem ao Brasil acho que ela cresceu no meu conceito naõ de amor esse já era grande mas de força. Ela chorava muito quando papae e mamãe iam viajar trancada no banheiro. Eu era menos afetiva, parecia que naõ ligava nada. Será que era realidade ? Fui primeiro para uma escola de crianças retardadas, ninguem sabe porque, guardando de lá uma lembrança linda de plantar cuidar da terra era o ceu. Lembro-me que roubei um santinho de uma menina e agora achei que foi um lapis.

Passando a outro: essas novas proposiçoes só com o corpo sem objeto nenhum o que será ? Sei que é forte, da dor de cabeça, as pessoas tremem e tem medo. Me disse a Michelle amiga do Martin Barre que lembrou-lhe brincadeiras de infancia no que tange ao terror e angustia. Será que vou enfrentar ou já estou sem saber uma nova regreçaõ ? Estou me sentindo muito bem na vida. Sem grandes depressões alegre e bem disposta fisicamente. Acho que com um pouco de sentimento de culpa quanto a boa vida que tenho tido e que os filhos estaõ ajudando a pagar ! O pae idem mas esse que se foda. Nem sei se farei mais alguma coisa na arte. Ando me interessando cada vez mais na psicologia. Psicologia de grupo cujos problemas saõ declanchados pelas minhas proposiçes.

ID
65601